MENINAS QUE CAEM MORTAS
(ou porque continuar lendo contos de fadas)
Resumo
Na Seção Canto do Conto, o ensaio Meninas que caem mortas (ou porque continuar lendo contos de fadas), da Professora Mestra Ana Luiza Gerfi Bertozzi, apresenta ao público, três contos de fadas para uma nova leitura comparativa: o velho e conhecido conto Branca de Neve, registrado no século XIX pelos Irmãos Grimm (2013), e os contos A menina que desterrou sete rapazes (2022) e Nourie Hadig (2022), contos registrados em 2022 pela escritora Angela Carter (2022), em sua coletânea 103 contos de fadas (2022). Conforme a ensaísta Ana Luiza, os três contos podem ser aproximados por sua temática e por sua reflexão em torno da morte, mais especialmente, ainda, pelo modo como a história das protagonistas dos contos – que as coloca diante da morte – revela possibilidades de uma morte como renascimento, em vida. Possibilidades, portanto, de uma autodesconstrução e de uma autorreconstrução desejada pelas personagens, como mulheres, no sentido de, ritualisticamente, se apropriarem de sua condição de estarem, efetivamente, vivas. A ensaísta vê nesse despertar da reflexão identitária e de gênero carreada pela narrativa curta, uma razão suficiente para se continuar frequentando a leitura dos contos de fadas, ainda mais, quando estes contos se atualizam por “teclados” tão exímios como são os da escritora britânica Angela Carter.