UMA SONDAGEM SOBRE O TEMPO CÍCLICO E PSICOLÓGICO EM “OS RATOS”, DE DYONÉLIO MACHADO:
Uma aproximação da obra à vanguarda do Expressionismo
Resumo
Este artigo analisa aspectos da obra Os ratos, do romancista gaúcho Dyonélio Machado, a partir de perspectivas da análise crítica do discurso (Bakhtin, 1992) quanto à superposição de discursos, da crítica literária e histórica quanto ao neorrealismo de 30 (Camargo, 1998; Arrigucci Junior, 2004) e, por fim, da crítica psicanalítica quanto às relações entre neurose e vida social (Freud, 1975). Nesse sentido, analisa, mais especialmente, o modo como o narrador onisciente se relaciona com o protagonista de sua narrativa, assim como o modo como este protagonista se relaciona, alienada e neuroticamente, com o seu próprio cotidiano, desfigurando tempo, espaço e fatos de sua história. Esta análise conduz à compreensão de uma espécie de alienação, de zoomorfização e de desarticulação da vida psicológica do protagonista relacionada à desumanização da vida material, política e social, trazendo à tona, figurativa e mais largamente, uma espécie de chave metonímica para a compreensão da condição experimentada pela classe trabalhadora no contexto capitalista contemporâneo.
PALAVRAS-CHAVE: Romance de 30. Análise de Discurso. Psicanálise. Os ratos.