POE, O SOLAR E O LABIRINTO DA MODERNIDADE
Resumo
O presente ensaio revisita o conto A queda da casa de Usher, de Edgard Allan Poe, à luz de considerações da crítica discursiva e da crítica literária (Bakhtin, 1997; Imbert, 1979; Cortázar, 2011, Poe, 1846 [s.d.]), considerando a tensão existente entre sujeitos e espaços projetados no tempo da narrativa e no tempo do narrador, de um lado, a partir de uma interpretação mítico-psicanalítica (Freud, 1996; Marcuse, 1982), quando esta se vale do confronto entre o princípio do prazer (Eros) e o princípio da morte (Thanatos) para a explicação da subjetividade, e, de outro lado, a partir de uma interpretação materialista histórica (Marx, 2004; Gramsci apud Perrusi, 2015; Marcuse, 1982), quando esta se vale do conceito de ideologia e de alienação social do indivíduo para a explicação da crise da identidade e do pertencimento, na história contemporânea do mundo burguês. Nesse sentido, constata-se que, além de representar uma situação paradoxal de construção e de dissolução da subjetividade, da identidade e do pertencimento, já no começo da história do mundo burguês contemporâneo, o conto de Poe ultrapassa, ainda, estes limites mítico-psicanalíticos e materialista-históricos para se apresentar, também, como um exemplo formal da racionalidade da forma literária que mimetiza a forma do mundo capitalista burguês, no qual que se conjugam, paradoxalmente, o sublime e o horror, a construção e a destruição da subjetividade e da história do pertencimento.
PALAVRAS-CHAVE: Conto moderno. Poe. A queda da casa de Usher. Horror. História contemporânea.