O TEMPO DA PUREZA EM GIRASSOL DA MADRUGADA, DE MÁRIO DE ANDRADE
Resumo
O presente artigo busca realizar uma leitura do poema “Girassol da Madrugada”, de Mário de Andrade, relacionando-o a um outro texto do autor, O movimento modernista, de modo a apresentar questões gerais em torno dos dilemas do intelectual/poeta e de sua relação com o tempo. O estudo parte da premissa teórica dos Estudos Culturais de que uma mesma formação social pode originar diferentes materializações, de modo que é possível encarar um texto poético e um texto crítico, cujos laços intertextuais são conhecidos e, a partir dessas diferentes manifestações, buscar compreender e explicar tal formação. Tal pressuposto materialista nega que a arte seja “reflexo” da realidade, mas que a própria realidade se manifesta sob diferentes formas. A forma poética, com sua linguagem própria, permite entrever intenções artísticas e, com isso, desvelar sentidos aparentemente obscuros ou indeterminados. A interpretação surge, então, como uma leitura entre diferentes práticas, a que se realiza efetivamente no poema e as que existem em forma de consciência crítica e histórica em outros textos. Uma permite lançar luz à outra e, nesse movimento, garantir uma leitura integradora. É o que se pretendeu, no presente texto, a partir da análise do poema e do conhecimento de estudos envolvendo a obra de Mário de Andrade.