ASPECTOS DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA ARTE DA LINGVA DE ANGOLA DE PEDRO DIAS DE 1697 E NA GRAMMATICA ELEMENTAR DO KIMBUNDU OU LINGUA DE ANGOLA DE HÉLI CHATELAIN (1888/89)
Resumo
Este trabalho visa a investigar a variação linguística presente em duas obras de referência do quimbundo: a primeira publicada no fim do século XVII, em 1697 em Lisboa, Portugal, trata-se de Arte da Lingva de Angola de Pedro Dias, S.J, mas que, segundo Rosa (2013), foi escrita no Brasil pelo referido jesuíta, não se sabendo exatamente em qual localidade: se no Colégio do Rio de Janeiro, ou em Recife, Pernambuco, ou na Bahia. Em uma obra resumida, Pedro Dias apresenta um complexo sistema morfológico de classes, de concordância com todas essas classes, as exceções, o sistema verbal e as demais partes do discurso (ROSA, 2013, p. 40). A outra obra foi publicada no fim do século XIX, e, segundo verificamos, também apresenta descrições de variações no uso; refere-se à Grammatica Elementar do Kimbundu ou Lingua de Angola de Héli Chatelain, publicada em Genebra, Suíça, entre 1888 e 1889. Diante dessa constatação e fundamentados, principalmente nos trabalhos de Dias (1697), Chatelain (1888/89) e Rosa (2013), partimos da hipótese de que o registro de tal variação não denota a descrição de uma língua geral ou língua franca, conforme entendiam alguns autores da nossa tradição linguística (cf. CÂMARA JR, 1965, p. 101), ao se referirem às artes jesuíticas em geral, antes, apresenta aspectos da variação descritos na Arte e na Grammatica Elementar. O trabalho está teoricamente vinculado à História das Ideais Linguísticas e à Linguística Missionária, subárea da Historiografia Linguística, para tanto está fundamentado em Rosa (2013), Colombat, Fournier e Puech (2010), Zimmermann (2004), Moraes (2015, 2017a, 2017b) e Auroux (2008).