AS ESCREVIVÊNCIAS, O PRETOGUÊS E A INTERSECCIONALIDADE
UMA BREVE LEITURA DE LEITE DO PEITO, DE GENI GUIMARÃES
Resumo
O presente artigo faz uma breve leitura da obra Leite do Peito, de Geni Guimarães, partindo da relação do conceito de “escrevivência” de Conceição Evaristo com o termo “pretoguês”, cunhado por Lélia Gonzalez em 1988. O conceito de “escrevivência” se define pela escrita da experiência e do corpo negro no Brasil. O “pretoguês”, por sua vez, em síntese, é o resultado da fusão do sistema linguístico do colonizado com o sistema linguístico do colonizador, ou seja, é a resistência do povo negro em manter sua língua viva. Com base nesses dois conceitos-chave, partiremos, para a análise crítica da obra em questão, da escrita das vivências de uma personagem-autora negra, em que se nota que o texto extrapola as questões de estrutura literária, sendo possível um olhar para a condição de marginalização da escrita de mulheres negras na literatura brasileira, haja vista a breve análise do prefácio da obra. Será importante, também, atentar-se para questões de interseccionalidade entre raça, classe e gênero, que permeiam não só a obra de Geni Guimarães, mas também as suas condições de trabalho e suas publicações.
PALAVRAS-CHAVE: Geni Guimarães. Escrevivência. Interseccionalidade. Literatura feminina afro-brasileira.