INCESTO, SUBVERSÃO DO PATRIARCADO E LIBERDADE: POSSIBILIDADES DE SIGNIFICAÇÃO DO ÉDIPO DE NATÁLIA CORREIA
Resumo
RESUMO: Este artigo se propõe a refletir sobre a reescritura do mito de Édipo proposta pela escritora portuguesa Natália Correia na obra O Progresso de Édipo – Poema Dramático (1957). Trata-se de uma versão que produz novos contornos aos temas do incesto, do patriarcado e da liberdade. Se nos Édipos sofocliano e freudiano o incesto é proibido, a estrutura é patriarcal e a liberdade pode ser condicionada ao divino ou ao inconsciente, em Natália Correia estes temas adquirem uma conotação mais ampla. Discorre-se que a dinâmica incestuosa em sua obra permite-nos situar a subversão do patriarcado em pelo menos duas direções: (a) na direção concreta da instalação de um matriarcado; (b) numa perspectiva mais abrangente de reconexão com as origens, numa alusão a um mundo sem tabus.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura portuguesa. Psicanálise. Reescritura. Mito de Édipo. Feminilidade.