A FEBRE COMO RELÓGIO
MALÁRIA, NARRATIVA E TEMPORALIDADE EM “SARAPALHA”
Resumo
RESUMO: O caráter ambíguo da temporalidade, tal como experiência inexorável do ser humano no mundo, intriga diversos campos de nosso pensamento. Alguns eventos vitais, como o adoecimento e a morte, reconfiguram essa experiência, que se torna então objeto de diferentes discursos e representações. A discursividade biomédica reduz a experiência temporal dos indivíduos a seus componentes objetivos, no intuito de torná-la mensurável para fins diagnósticos e terapêuticos. Diversamente, as narrativas literárias redimensionam a experiência vivida ou imaginada, desvelando componentes fundamentais para a compreensão do processo do adoecimento em suas complexidades existencial e estética. Este artigo visa analisar a reconfiguração narrativa da experiência temporal promovida pela malária em indivíduos afetados pela doença, a partir da análise textual do conto “Sarapalha”, de João Guimarães Rosa, e à luz de alguns conceitos fundamentais do campo da Teoria Literária.
PALAVRAS-CHAVE: Temporalidade. Narrativa. Malária.